segunda-feira, 19 de março de 2012

Mateus 5.7: Bem-aventurados os Misericordiosos


Leitura: Mateus 18.23-35                     Pr. Alexandrino
Texto: Mateus 5.7                                São José 21-09-2008

Amados irmãos no Senhor Jesus Cristo.

O nosso Senhor Jesus Cristo declarou em Mateus 5.7 o seguinte: “Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia”. Claramente o Senhor Jesus Cristo está tratando do coração humano. Pois Ele condena uma religião superficial e exterior cheia de hipocrisia. Ele está ensinando que cristianismo não é algo superficial. Cristianismo vem de dentro do coração de um homem transformado pelo poder do Espírito Santo. Pois o cristianismo trata da maneira como os cristãos devem viver perante o seu Senhor. O cristianismo afeta todas as áreas da vida de um cristão. O cristão tem que se adaptar ao novo sistema de vida. Esse sistema de vida nós encontramos claramente descrito nas Sagradas Escrituras. Esse padrão de vida é exigido para todos que querem viver como servo de Jesus Cristo. Por isso uma das virtudes de todos aqueles que querem viver para Cristo é a misericórdia na vida do cristão. O cristão deve ser misericordioso. Assim como Deus é misericordioso. Deve ser imitador de Deus Pai.
E é sobre este assunto que eu irei pregar nesta noite no seguinte tema:

Tema: Bem-aventurados os Misericordiosos
1. Quem São os Misericordiosos
2. Quem Alcançará Misericórdia

1. Quem São os Misericordiosos

O que é misericórdia? O que significa ser misericordioso? Misericórdia é sempre um favor feito a alguém que estar necessitado de algo. É ajudar sem esperar receber nada em troca. ‘Misericórdia é ver um homem sem alimento e lhe dar comida. Misericórdia é ver uma pessoa implorando amor e lhe dar amor. Misericórdia é ver alguém solitário e lhe fazer companhia. Misericórdia é atender às necessidades, não apenas senti-las’. É sobre esta misericórdia que Jesus está falando aqui nesta bem-aventurança.
Irmãos, Jesus está ensinando algo desconhecido naquela época. Tanto os judeus como os romanos desconheciam a misericórdia. O sistema religioso dos judeus era cruel. Eles eram orgulhosos, egocêntricos, hipócritas e acusadores. O que Jesus estava dizendo realmente os atingiu no seu modo de vida. Porque os judeus não se importavam com ninguém. Eles gostavam de viver apenas de aparência. Seu sistema religioso tratava apenas o exterior do homem. Apenas a sua aparência diante dos homens. Nunca tratava do interior, o coração do homem. Aparentemente diante dos homens eram pessoas extremamente religiosas e que cumpriam a lei ao pé da letra. Mas essa não era a realidade dos judeus da época de Jesus. Eles estavam bem distante da realidade que a palavra de Deus exige do homem.
Quando João Batista surgiu pregando e batizando no rio Jordão, apareceu alguns fariseus e saduceus para ver o que João estava fazendo. Então João Batista disse para eles em Mateus 3.7-9: “Raça de víboras, quem vos induziu a fugir da ira vindoura? Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento; e não comeceis a dizer entre vós mesmos: Temos por pai a Abraão; porque eu vos afirmo que destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão”. João Batista conhecia muito bem aqueles homens sem coração. Aqueles homens não usavam de misericórdia para com ninguém. Eles confiavam na sua linhagem para ser salvo. Eles diziam: Nós temos por pai a Abraão! Em outras palavras eles estavam dizendo que o céu já estar garantido para eles por serem descendentes de Abraão. Mas João Batista disse: “porque eu vos afirmo que destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão”. João deixou bem claro que não basta ser descendente de Abraão. É preciso andar nos mesmos passos de Abraão. É preciso ser fiel a Deus como foi Abraão. É preciso desprezar o mundo e seus encantos e viver por fé em Deus somente. Abraão é chamado de o pai de todos os crentes. Isso mostra como ele viveu para Deus e com Deus. Foi pela fé que Abraão obedeceu a Deus e creu em suas promessas. Abraão era um homem de fé e confiança nas promessas de Deus. Esses passos os judeus deveriam seguir e não confiar a árvore genealógica da sua descendência. É preciso ter fé!
Como também hoje! Não basta apenas ser membro da igreja. Tem quer ser fiel! Tem que mostrar fidelidade na sua vida diária. Cristianismo não é apenas uma questão de domingo. Mas é uma questão diária. Que afeta toda a vida de um homem ou mulher. Essa mudança leva o homem ou a mulher a amar a Deus acima de qualquer coisa. A querer fazer a vontade de Deus. A querer ler a palavra de Deus e a escutá-la. O cristão quer dar o melhor para o Deus de sua vida e não o resto. Ele se santifica para agradar a Deus. Não é hipócrita, mas verdadeiro adorador. É isso o que Deus quer de cada um de vocês que estão aqui.
Irmãos, os judeus eram realmente cruéis! Eles criaram tradições que anulavam os mandamentos de Deus. Eles diziam: “se alguém disser a seu pai ou a sua mãe: É oferta ao Senhor aquilo que poderias aproveitar de mim; esse jamais honrará a seu pai ou sua mãe” (Mt 15.5-6a). Eles ensinavam que os filhos poderiam ficar livres de usar de misericórdia para com seus pais. Se os pais dissessem que estava precisando de comida ou qualquer outra necessidade, os filhos apenas precisavam dizer que não podiam ajudar, pois com o que poderiam ajudar é oferta do Senhor. Com esse ensino os judeus estavam ensinando o povo a quebrar a lei de Deus por causa de suas tradições. Por isso o Senhor Jesus disse: “assim invalidastes a palavra de Deus, por causa de vossa tradição” (Mt 15.6b). Jesus também censura os fariseus por causa de hipocrisia em servir a Deus. Jesus diz em Mateus 23.27-28: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque sois semelhantes aos sepulcros caiados, que, por fora, se mostram belos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda imundícia! Assim também vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas, por dentro, estais cheios de hipocrisia e de iniqüidade”. Assim era o coração dos judeus! Seus corações eram como um sepulcro que foi pintado. No exterior está bonito, mas no interior há ossos de pessoas mortas. Assim eram os judeus. Viviam de aparência aqueles que se diziam os ‘doutores da lei’. Não havia vida nem amor. Não havia piedade nem misericórdia.
Semelhantemente aos judeus havia os romanos com seu sistema filosófico. Um filósofo romano disse que a misericórdia era ‘uma enfermidade da alma’, um sinal de fraqueza. Os romanos exaltavam a justiça, a coragem, a disciplina e o poder; eles desprezavam a misericórdia. Por exemplo: quando uma criança nascia no império romano, o pai tinha a autoridade paterna. Ou seja, se ele quisesse que o recém-nascido vivesse, levantava o polegar. Se quisesse que ele morresse, baixava o polegar e a criança imediatamente era afogada. Então, tanto para os judeus como para os romanos, a misericórdia era algo desconhecido em seus sistemas religiosos e filosóficos. Com certeza o que Jesus estava falando atingiu em cheio a religião judaica. Pois o que Jesus estava falando ia de encontro à religião dos judeus. Que era uma religião sem a mínima misericórdia.
Jesus aqui não está falando de uma misericórdia mundana. Aquela misericórdia que diz: use de misericórdia para com os homens e eles usarão de misericórdia com você! A misericórdia que Cristo ensina estar acima destas idéias mundanas. A misericórdia que Jesus fala é uma virtude da bondade de Deus na vida cristã. Pois a misericórdia é uma dádiva que o cristão recebe de Deus. Ela se espelha na misericórdia de Deus na vida do homem. Deus usa de misericórdia sem esperar receber algo em troca. Ele usa de misericórdia para com seu povo. Porque Ele viu a nossa necessidade. Ele olhou e viu nosso estado de miséria. A nossa divida era imensa. Ele pagou em nosso lugar enviando seu Filho Unigênito como pagamento de nossa divida. Um bom exemplo da misericórdia de Deus podemos ver na parábola do credor incompassivo.
Existia um homem que devia dez mil talentos. Não sabemos como esse homem chegou a acumular uma divida tão alta assim. Se calcularmos um talento como o equivalente a mil reais, a soma seria equivalente a dez milhões de reais, divida esta impossível de ser quitada. Porém, o servo não tinha com que pagar sua divida. Então, o rei mandou vender o servo, juntamente com sua esposa e filhos e tudo o que possuía, até que o pagamento fosse efetuado (Mt 18.25). O rei é severo em seu julgamento. O servo tem que devolver o que pegou dos cofres reais. Contudo, não há como aquele servo pagar tamanha divida. Ele está em completa miséria perante o rei. O que o servo faz? No verso 26 diz: “Então, o servo, prostrando-se reverente, rogou: Sê paciente comigo, e tudo te pagarei”.
Ele caiu de joelho implorando misericórdia. Preste atenção ao que o servo disse: “Sê paciente comigo, e tudo te pagarei”. Ele pede paciência ao rei. Mas o rei sabe que ele não tem nenhuma condição de pagar a divida. Nem se trabalhar a vida toda para isso. O rei deveria saber que ele jamais poderia cumprir tal promessa. O que não faz um homem a fim de escapar de uma horrível situação! O estado calamitoso daquele servo comoveu o coração do rei que o mandou embora e perdoou-lhe a imensa divida (Mt 18.28). Veja como o rei foi misericordioso. Pois perdoou uma divida imensa de um servo negligente para com seu rei. Ele olhou para aquele servo e teve compaixão. Assim aconteceu conosco pecadores. Deus olhou para nós e teve compaixão de nós. Ele usou a sua misericórdia de uma maneira sublime. Ele não perdoou uma divida material. A nossa divida era maior que a divida daquele servo de dez mil talentos. A nossa divida era o pecado. O pecado cometido contra a sua suprema majestade. Nós desprezamos a sua majestade. Mas mesmo assim Ele matou o seu Filho para pagar nossa divida. Ele derramou toda a sua ira sobre seu amado Filho. Condenou o seu Filho por amor de nós. Essa é a misericórdia que Jesus está falando aqui. Uma misericórdia que se compadece do que estar necessitado. Uma misericórdia que é capaz de suprir as necessidades daqueles que estão sofrendo. Por que usamos de misericórdia para com o próximo? Porque Deus já usou de misericórdia para conosco. Ele já nos salvou perdoando a nossa divida. Então, por amor a Deus – nós como seus filhos – vamos usar de misericórdia para com o nosso irmão que necessita de algo. Essa misericórdia pode ser alimento, água, palavras de consolo e conforto; fazer companhia a quem estar solitário. Isso é usar de misericórdia. São nas coisas mais simples que nós podemos ver as virtudes de Deus em nós para o bem do nosso irmão ou nosso próximo. Quando fazemos isto estamos fazendo ao próprio Cristo. Porque o misericordioso faz isto por gratidão a Cristo. Essa é uma virtude que todos vocês devem cultivar em suas vidas cristãs.

2. Quem Alcançará Misericórdia

Quem alcançará misericórdia será aquele que usar de misericórdia. Aquele que olhou para a misericórdia de Deus em sua vida e quer imitar seu Pai celeste. Uma misericórdia que não espera receber algo em troca. Aqueles que não usarem de misericórdia serão condenados e não alcançarão misericórdia de Deus. A parábola do credor incompassivo mostra isso claramente. Aquele servo foi perdoado de uma divida imensa. Mas ele não perdoou um conservo seu que lhe devia cem denários. Um denário equivaleria hoje a dez reais. A soma equivaleria a mil reais. Mas aquele servo que recebeu o perdão de uma divida imensuravelmente maior, não usou de misericórdia para com seu conservo. Quando o rei ficou sabendo do ocorrido mandou lançá-lo na prisão. Assim será com aqueles que não usam de misericórdia para com seu irmão e próximo. Como Tiago 2.13 diz: “Porque o juízo é sem misericórdia para com aquele que não usou de misericórdia”.
Somente alcançará misericórdia quem tiver um coração igual ao coração de Deus. Como o Senhor Jesus Cristo ensinou: “Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, tampouco vosso pai vos perdoará as vossas ofensas”.
No dia do juízo final Jesus dirá: “Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo. Porque tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes de beber; era forasteiro, e me acolhestes; estava nu, e me vestistes; enfermo, e me visitastes; preso, e fostes ver-me. Então, perguntarão os justos: Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer? Ou com sede e te demos de beber? E quando te vimos forasteiro e te hospedamos? Ou nu e te vestimos? E quando te vimos enfermo ou preso e te fomos visitar? O Rei, respondendo, lhes dirá: Em verdade vos afirmo que, sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes” (Mt 25.34-40).
Assim os verdadeiros cristãos alcançarão misericórdia do Senhor Jesus Cristo. Quando imitarem a misericórdia de Deus em suas vidas.
Amém.

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