Leitura: Mateus 18.23-35 Pr. Alexandrino
Texto: Mateus 5.7 São José 21-09-2008
Amados irmãos no Senhor Jesus Cristo.
O nosso Senhor Jesus Cristo declarou em
Mateus 5.7 o seguinte: “Bem-aventurados
os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia”. Claramente o Senhor
Jesus Cristo está tratando do coração humano. Pois Ele condena uma religião
superficial e exterior cheia de hipocrisia. Ele está ensinando que cristianismo
não é algo superficial. Cristianismo vem de dentro do coração de um homem
transformado pelo poder do Espírito Santo. Pois o cristianismo trata da maneira
como os cristãos devem viver perante o seu Senhor. O cristianismo afeta todas
as áreas da vida de um cristão. O cristão tem que se adaptar ao novo sistema de
vida. Esse sistema de vida nós encontramos claramente descrito nas Sagradas
Escrituras. Esse padrão de vida é exigido para todos que querem viver como
servo de Jesus Cristo. Por isso uma das virtudes de todos aqueles que querem
viver para Cristo é a misericórdia na vida do cristão. O cristão deve ser
misericordioso. Assim como Deus é misericordioso. Deve ser imitador de Deus
Pai.
E é sobre este assunto que eu irei
pregar nesta noite no seguinte tema:
Tema: Bem-aventurados os Misericordiosos
1. Quem São os Misericordiosos
2. Quem Alcançará Misericórdia
1. Quem São os Misericordiosos
O que é misericórdia? O que significa
ser misericordioso? Misericórdia é sempre um favor feito a alguém que estar
necessitado de algo. É ajudar sem esperar receber nada em troca. ‘Misericórdia
é ver um homem sem alimento e lhe dar comida. Misericórdia é ver uma pessoa
implorando amor e lhe dar amor. Misericórdia é ver alguém solitário e lhe fazer
companhia. Misericórdia é atender às
necessidades, não apenas senti-las’. É sobre esta misericórdia que Jesus está
falando aqui nesta bem-aventurança.
Irmãos, Jesus está ensinando algo
desconhecido naquela época. Tanto os judeus como os romanos desconheciam a
misericórdia. O sistema religioso dos judeus era cruel. Eles eram orgulhosos,
egocêntricos, hipócritas e acusadores. O que Jesus estava dizendo realmente os
atingiu no seu modo de vida. Porque os judeus não se importavam com ninguém.
Eles gostavam de viver apenas de aparência. Seu sistema religioso tratava
apenas o exterior do homem. Apenas a sua aparência diante dos homens. Nunca
tratava do interior, o coração do homem. Aparentemente diante dos homens eram
pessoas extremamente religiosas e que cumpriam a lei ao pé da letra. Mas essa não
era a realidade dos judeus da época de Jesus. Eles estavam bem distante da
realidade que a palavra de Deus exige do homem.
Quando João Batista surgiu pregando e
batizando no rio Jordão, apareceu alguns fariseus e saduceus para ver o que
João estava fazendo. Então João Batista disse para eles em Mateus 3.7-9: “Raça de
víboras, quem vos induziu a fugir da ira vindoura? Produzi, pois, frutos dignos
de arrependimento; e não comeceis a dizer entre vós mesmos: Temos por pai a
Abraão; porque eu vos afirmo que destas pedras Deus pode suscitar filhos a
Abraão”. João Batista conhecia muito bem
aqueles homens sem coração. Aqueles homens não usavam de misericórdia para com
ninguém. Eles confiavam na sua linhagem para ser salvo. Eles diziam: Nós temos
por pai a Abraão! Em outras palavras eles estavam dizendo que o céu já estar
garantido para eles por serem descendentes de Abraão. Mas João Batista disse: “porque eu vos afirmo que destas pedras Deus
pode suscitar filhos a Abraão”. João deixou bem claro que não basta ser
descendente de Abraão. É preciso andar nos mesmos passos de Abraão. É preciso
ser fiel a Deus como foi Abraão. É preciso desprezar o mundo e seus encantos e
viver por fé em Deus somente. Abraão é chamado de o pai de todos os crentes.
Isso mostra como ele viveu para Deus e com Deus. Foi pela fé que Abraão
obedeceu a Deus e creu em suas promessas. Abraão era um homem de fé e confiança
nas promessas de Deus. Esses passos os judeus deveriam seguir e não confiar a
árvore genealógica da sua descendência. É preciso ter fé!
Como
também hoje! Não basta apenas ser membro da igreja. Tem quer ser fiel! Tem que
mostrar fidelidade na sua vida diária. Cristianismo não é apenas uma questão de
domingo. Mas é uma questão diária. Que afeta toda a vida de um homem ou mulher.
Essa mudança leva o homem ou a mulher a amar a Deus acima de qualquer coisa. A
querer fazer a vontade de Deus. A querer ler a palavra de Deus e a escutá-la. O
cristão quer dar o melhor para o Deus de sua vida e não o resto. Ele se
santifica para agradar a Deus. Não é hipócrita, mas verdadeiro adorador. É isso
o que Deus quer de cada um de vocês que estão aqui.
Irmãos,
os judeus eram realmente cruéis! Eles criaram tradições que anulavam os
mandamentos de Deus. Eles diziam: “se
alguém disser a seu pai ou a sua mãe: É oferta ao Senhor aquilo que poderias
aproveitar de mim; esse jamais honrará a seu pai ou sua mãe” (Mt 15.5-6a).
Eles ensinavam que os filhos poderiam ficar livres de usar de misericórdia para
com seus pais. Se os pais dissessem que estava precisando de comida ou qualquer
outra necessidade, os filhos apenas precisavam dizer que não podiam ajudar,
pois com o que poderiam ajudar é oferta do Senhor. Com esse ensino os judeus
estavam ensinando o povo a quebrar a lei de Deus por causa de suas tradições. Por
isso o Senhor Jesus disse: “assim
invalidastes a palavra de Deus, por causa de vossa tradição” (Mt 15.6b).
Jesus também censura os fariseus por causa de hipocrisia em servir a Deus.
Jesus diz em Mateus 23.27-28: “Ai de vós,
escribas e fariseus, hipócritas, porque sois semelhantes aos sepulcros caiados,
que, por fora, se mostram belos, mas interiormente estão cheios de ossos de
mortos e de toda imundícia! Assim também vós exteriormente pareceis justos aos
homens, mas, por dentro, estais cheios de hipocrisia e de iniqüidade”.
Assim era o coração dos judeus! Seus corações eram como um sepulcro que foi
pintado. No exterior está bonito, mas no interior há ossos de pessoas mortas.
Assim eram os judeus. Viviam de aparência aqueles que se diziam os ‘doutores da
lei’. Não havia vida nem amor. Não havia piedade nem misericórdia.
Semelhantemente
aos judeus havia os romanos com seu sistema filosófico. Um filósofo romano
disse que a misericórdia era ‘uma enfermidade da alma’, um sinal de fraqueza.
Os romanos exaltavam a justiça, a coragem, a disciplina e o poder; eles
desprezavam a misericórdia. Por exemplo: quando uma criança nascia no império
romano, o pai tinha a autoridade paterna. Ou seja, se ele quisesse que o
recém-nascido vivesse, levantava o polegar. Se quisesse que ele morresse,
baixava o polegar e a criança imediatamente era afogada. Então, tanto para os
judeus como para os romanos, a misericórdia era algo desconhecido em seus
sistemas religiosos e filosóficos. Com certeza o que Jesus estava falando
atingiu em cheio a religião judaica. Pois o que Jesus estava falando ia de
encontro à religião dos judeus. Que era uma religião sem a mínima misericórdia.
Jesus
aqui não está falando de uma misericórdia mundana. Aquela misericórdia que diz:
use de misericórdia para com os homens e eles usarão de misericórdia com você!
A misericórdia que Cristo ensina estar acima destas idéias mundanas. A
misericórdia que Jesus fala é uma virtude da bondade de Deus na vida cristã.
Pois a misericórdia é uma dádiva que o cristão recebe de Deus. Ela se espelha
na misericórdia de Deus na vida do homem. Deus usa de misericórdia sem esperar
receber algo em troca. Ele usa de misericórdia para com seu povo. Porque Ele
viu a nossa necessidade. Ele olhou e viu nosso estado de miséria. A nossa
divida era imensa. Ele pagou em nosso lugar enviando seu Filho Unigênito como pagamento
de nossa divida. Um bom exemplo da misericórdia de Deus podemos ver na parábola
do credor incompassivo.
Existia
um homem que devia dez mil talentos. Não sabemos como esse homem chegou a
acumular uma divida tão alta assim. Se calcularmos um talento como o
equivalente a mil reais, a soma seria equivalente a dez milhões de reais,
divida esta impossível de ser quitada. Porém, o servo não tinha com que pagar
sua divida. Então, o rei mandou vender o servo, juntamente com sua esposa e
filhos e tudo o que possuía, até que o pagamento fosse efetuado (Mt 18.25). O
rei é severo em seu julgamento. O servo tem que devolver o que pegou dos cofres
reais. Contudo, não há como aquele servo pagar tamanha divida. Ele está em
completa miséria perante o rei. O que o servo faz? No verso 26 diz: “Então, o servo, prostrando-se reverente,
rogou: Sê paciente comigo, e tudo te pagarei”.
Ele
caiu de joelho implorando misericórdia. Preste atenção ao que o servo disse: “Sê paciente comigo, e tudo te pagarei”.
Ele pede paciência ao rei. Mas o rei sabe que ele não tem nenhuma condição de
pagar a divida. Nem se trabalhar a vida toda para isso. O rei deveria saber que
ele jamais poderia cumprir tal promessa. O que não faz um homem a fim de
escapar de uma horrível situação! O estado calamitoso daquele servo comoveu o
coração do rei que o mandou embora e perdoou-lhe a imensa divida (Mt 18.28).
Veja como o rei foi misericordioso. Pois perdoou uma divida imensa de um servo
negligente para com seu rei. Ele olhou para aquele servo e teve compaixão.
Assim aconteceu conosco pecadores. Deus olhou para nós e teve compaixão de nós.
Ele usou a sua misericórdia de uma maneira sublime. Ele não perdoou uma divida
material. A nossa divida era maior que a divida daquele servo de dez mil
talentos. A nossa divida era o pecado. O pecado cometido contra a sua suprema
majestade. Nós desprezamos a sua majestade. Mas mesmo assim Ele matou o seu
Filho para pagar nossa divida. Ele derramou toda a sua ira sobre seu amado
Filho. Condenou o seu Filho por amor de nós. Essa é a misericórdia que Jesus
está falando aqui. Uma misericórdia que se compadece do que estar necessitado.
Uma misericórdia que é capaz de suprir as necessidades daqueles que estão
sofrendo. Por que usamos de misericórdia para com o próximo? Porque Deus já
usou de misericórdia para conosco. Ele já nos salvou perdoando a nossa divida.
Então, por amor a Deus – nós como seus filhos – vamos usar de misericórdia para
com o nosso irmão que necessita de algo. Essa misericórdia pode ser alimento,
água, palavras de consolo e conforto; fazer companhia a quem estar solitário.
Isso é usar de misericórdia. São nas coisas mais simples que nós podemos ver as
virtudes de Deus em nós para o bem do nosso irmão ou nosso próximo. Quando
fazemos isto estamos fazendo ao próprio Cristo. Porque o misericordioso faz
isto por gratidão a Cristo. Essa é uma virtude que todos vocês devem cultivar
em suas vidas cristãs.
2. Quem Alcançará Misericórdia
Quem alcançará misericórdia será aquele
que usar de misericórdia. Aquele que olhou para a misericórdia de Deus em sua
vida e quer imitar seu Pai celeste. Uma misericórdia que não espera receber
algo em troca. Aqueles que não usarem de misericórdia serão condenados e não alcançarão
misericórdia de Deus. A parábola do credor incompassivo mostra isso claramente.
Aquele servo foi perdoado de uma divida imensa. Mas ele não perdoou um conservo
seu que lhe devia cem denários. Um denário equivaleria hoje a dez reais. A soma
equivaleria a mil reais. Mas aquele servo que recebeu o perdão de uma divida
imensuravelmente maior, não usou de misericórdia para com seu conservo. Quando
o rei ficou sabendo do ocorrido mandou lançá-lo na prisão. Assim será com
aqueles que não usam de misericórdia para com seu irmão e próximo. Como Tiago
2.13 diz: “Porque o juízo é sem
misericórdia para com aquele que não usou de misericórdia”.
Somente alcançará misericórdia quem
tiver um coração igual ao coração de Deus. Como o Senhor Jesus Cristo ensinou:
“Porque, se perdoardes aos homens as suas
ofensas, também vosso Pai celeste vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos
homens as suas ofensas, tampouco vosso pai vos perdoará as vossas ofensas”.
No dia do juízo final Jesus dirá: “Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse
do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo. Porque tive fome, e
me destes de comer; tive sede, e me destes de beber; era forasteiro, e me
acolhestes; estava nu, e me vestistes; enfermo, e me visitastes; preso, e
fostes ver-me. Então, perguntarão os justos: Senhor, quando foi que te vimos com
fome e te demos de comer? Ou com sede e te demos de beber? E quando te vimos
forasteiro e te hospedamos? Ou nu e te vestimos? E quando te vimos enfermo ou
preso e te fomos visitar? O Rei, respondendo, lhes dirá: Em verdade vos afirmo
que, sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes”
(Mt 25.34-40).
Assim os verdadeiros cristãos alcançarão
misericórdia do Senhor Jesus Cristo. Quando imitarem a misericórdia de Deus em
suas vidas.
Amém.
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