Leitura: Isaías 40.1-11; Romanos
8.12-17 Pr. Alexandrino
Texto: Domingo 1 Recife 26-01-2014;
São José 02-03-2014
Amada Igreja do Senhor Jesus Cristo
O Catecismo de Heidelberg foi
escrito a mais de 400 anos e então, nos perguntamos: por que ainda temos que
usar esse Catecismo tão antigo? Por que ainda temos que todos os anos ouvir uma
pregação baseada na doutrina bíblica resumida no Catecismo? Porque as pessoas
da época da Grande Reforma eram iguais às pessoas da nossa época. Elas eram pessoas
que viviam sofrendo aflições. O desespero estava na vida das pessoas, pois não
tinham consolação alguma em suas vidas. Estavam sem esperança e sem segurança.
O desespero tomava conta das pessoas da época da Grande Reforma em 1517. Eles
não tinham paz em seus corações, em suas almas.
E nos nossos dias não é diferente.
As pessoas continuam da mesma maneira; não mudaram nada; continuam no desespero
e sem consolação. Consolação que satisfaz ao coração e a alma. Pois como foi na
época em que o Catecismo de Heidelberg foi escrito assim também é hoje. As
pessoas buscavam e buscam consolação no álcool e nas drogas; na busca por
prazeres que não satisfazem o coração e matam a alma. Vivem em completo
desespero, mesmo quando a aparência é de felicidade. Mas, seus corações e almas
estão vazios. Enganam-se com falsos deuses e uma religião falsa e superficial para
tentar mudar o seu vazio. O vazio do coração e da alma. Assim é a vida dos
descrentes; daqueles que não contam com a graça de Deus em suas vidas; que não
conhecem Jesus Cristo que disse: “Vinde a
mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei”
(Mt 11.28).
É nesse contexto que encontramos no
Catecismo de Heidelberg uma confissão totalmente diferente do desespero das
pessoas. Enquanto as pessoas descrentes da época da Grande Reforma viviam sem
consolação e em desespero, os cristãos viviam cheios de consolação e paz em
seus corações. O Catecismo de Heidelberg começa: “Qual é o seu único conforto na vida e na morte? O meu único conforto é
que – corpo e alma, na vida e na morte – não pertenço a mim mesmo, mas ao meu
fiel Salvador Jesus Cristo”. Essa é uma confissão de alguém que não estar
em desespero e estar totalmente consolado. Por quê? Por causa de Jesus Cristo!
Jesus Cristo é a consolação de quem vive neste mundo quebrado em seus pecados
de densas trevas. É sobre essa consolação que a Igreja de Cristo tem confessado
até aos dias de hoje e, é sobre essa consolação que irei pregar nesta manhã.
Eu vos proclamo o evangelho da
consolação de Cristo no seguinte tema:
Tema: A Igreja de Cristo através
dos séculos confessa sua única consolação na vida e na morte
1. A Razão da Consolação
2. O Conteúdo da Consolação
3. O Incentivo da Consolação
1. A Razão da Consolação
Irmãos, por que será que o homem
precisa de consolação? Será que nós precisamos de consolação? Vamos observar o
que a Escritura Sagrada fala sobre isso.
No início Deus criou o homem a sua
própria imagem e semelhança. A ele foi dada a tarefa de governar a terra em
nome de Deus. O homem também recebeu a tarefa de ser fecundo e multiplicar. No
Paraíso o homem fazia a vontade de Deus com alegria. Não havia sofrimento na
vida do homem. Não encontramos nada na criação de Deus que fizesse o homem
triste e cheio de sofrimento. Pois o próprio Deus depois que criou todas as
coisas afirmou: “eis que é muito bom”.
Tudo o que Deus havia criado era muito bom e glorificava a Ele em tudo. O
próprio homem vivia na presença de Deus. Deus toda a tarde vinha ao jardim conversar
com o homem face a face. A comunhão com Deus trazia todo tipo de alegria e o homem
não precisava de consolação. Porque não existe nada que deixasse o homem
sofrendo e triste.
Porém, o homem – Adão e Eva – jogou
fora esta alegria virando as costas para seu Criador. Preferiu dar ouvido as
palavras de Satanás que a Deus. E o resultado foi que eles perderam a alegria e
a comunhão que tinham com seu Deus. Depois que eles cometeram o pecado, o medo
encheu as suas vidas. Gênesis 3.7 diz: “Abriram-se,
então, os olhos de ambos; e, percebendo que estavam nus, coseram folhas de
figueiras e fizeram cintas para si”. Seus olhos abriram-se para o pecado.
Toda inocência que existia desapareceu completamente da natureza humana. A
nudez que era algo normal tornou-se em algo vergonhoso e por isso eles fizeram
roupas para si com folhas. O pecado acabou com aquilo que Deus afirmou: “eis
que é muito bom”.
Gênesis 3.8 ainda diz: “Quando ouviram a voz do SENHOR Deus, que
andava no jardim pela viração do dia...” – o que o casal fez? Ficou alegre
por que o SENHOR está vindo ao jardim como de costume? Não, a atitude deles foi
totalmente diferente. Gênesis 3.8 continua dizendo: “esconderam-se da presença do SENHOR Deus, o homem e sua mulher, por
entre as árvores do jardim”. Por que o homem e a mulher fugiram? Eles
mesmos respondem dizendo: “Ouvi a tua voz
no jardim, e porque esta nu, tive medo, e me escondi” (Gn 3.10). O pecado
causa medo e faz com que o homem fuja da presença do SENHOR. Prestem atenção no
contraste aqui: antes do pecado o homem adorava, amava a presença do SENHOR.
Depois da queda o homem tem medo da presença do SENHOR e foge de sua presença.
Não é a toa que o apóstolo Paulo está dizendo: “não há quem busque a Deus... desconheceram o caminho da paz” (Rm
3.11, 17).
E tem mais conseqüência da queda do
homem em pecado. O homem agora passou a viver em uma terra cheia de sofrimento.
Porque Deus o expulsou da terra da abundância. Gênesis 3.23-24 diz: “O SENHOR Deus, por isso, o lançou fora do
jardim do Éden, a fim de lavrar a terra de que fora tomado. E, expulso o homem,
colocou querubins ao oriente do jardim do Éden e o refulgir de uma espada que
revolvia, para guardar o caminho da árvore da vida”. Essa terra para a qual
o homem é expulso é uma terra que não há felicidade alguma. Agora a mulher terá
que sofrer na gravidez e para dar à luz a uma criança. A educação dos filhos
também será um sofrimento por causa do pecado no coração da criança. O homem
sofrerá para ganhar o alimento diário, pois não será fácil como no Jardim do
Éden. No final do dia haverá somente
cansaço na vida do homem – que é sofrimento.
Após a queda vemos o primeiro assassinato
no mundo – Caim matando Abel – que causa dor, sofrimento e falta de consolação
nesta vida. Vemos o valentão Lameque causando sofrimento em famílias por matar
dois homens e achando maravilhoso este ato cruel e sanguinário. Vemos o aumento
do pecado e consequentemente a falta de consolo na vida das pessoas. Vemos
apenas angústia e dor na vida das pessoas por não ter nenhuma consolação em sua
vida. Apenas um coração vazio buscando esperança nas coisas deste mundo. Olhe
para o mundo a seu redor. A criação da ONU é uma tentativa vã de criar paz e
dar consolação as pessoas neste mundo quebrado pelo pecado. Vemos pessoas
buscando consolo no álcool, nas drogas, na prostituição e uma infinitude de
coisas que não satisfazem um coração com consolo e esperança.
Porém, quando olhamos para o que
Jesus Cristo veio fazer neste mundo, ficamos chocados com tamanha mensagem. Ele
diz: “Vinde a mim, todos os que estais
cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei” (Mt 11.28). Cansados do
que? Sobrecarregados do que? Cansados de sofrer neste mundo por causa da
tristeza, da dor, do sofrimento, da morte deste mundo corrompido. Sobrecarregados
de pecados e mais pecados; sobrecarregados com o peso da ira de Deus contra os
seus pecados. Nós vemos nas páginas das Escrituras Jesus Cristo pregando para
pessoas sem esperança e sem consolação alguma; pessoas que não sabem onde
buscar esperança. Vemos Ele livrando pessoas das consequências físicas do
pecado, como: cegueira, paralisia, surdez e mudez; da falta de consolação na
morte de alguém querido. Em tudo isso vemos a necessidade do homem em ser
consolados do sofrimento e da falta de esperança.
Por isso quando as pessoas ouvem o
evangelho e o aceita com verdadeira fé, vemos elas sendo consoladas em e por
Cristo Jesus. Pois o evangelho fala de Jesus Cristo que é o consolador para a
humanidade. Ele é quem consola corações feridos, abatidos, sofridos e preenche
corações vazios.
Quando o Catecismo de Heidelberg
foi escrito, as pessoas da época estavam vivendo em um mundo onde não se falava
de esperança. Pois a igreja romana não ensinava verdadeiramente sobre Cristo. As
pessoas viviam com medo do futuro e via apenas Deus como um Deus que quer
castigar todos os pecadores com seus pecados. Mas, quando os reformadores
começaram a pregar a necessidade de arrependimento para os homens, muitos encontraram
a paz que tanto queriam. Perceberam que precisavam de Jesus Cristo para serem
consolados e libertados dos sofrimentos deste mundo quebrado pelo pecado. É
isso que nós recebemos em Cristo depois da nossa conversão. Por causa de Cristo
em meio aos maiores sofrimentos, nós mesmo assim permanecemos consolados e
tendo paz em nossos corações. Em vez de fugir para distante de Deus nós
corremos para mais perto dEle ainda em oração. Porque nós sabemos que somente
em Cristo temos a verdadeira consolação para a nossa alma faminta e sedenta.
Qual o conteúdo desta mensagem que
traz consolação?
2. O Conteúdo da Consolação
Irmãos, que mensagem é essa que
traz tantas consolações para pecadores mergulhados neste mundo de sofrimento,
dor e sem consolação? O conteúdo desta mensagem é Cristo! Cristo é a mensagem
de consolação para o povo de Deus. O Catecismo diz que o único conforto ou
consolo na vida e na morte é: “O meu único conforto ou consolo é que – corpo e alma, na
vida e na morte – não pertenço a mim mesmo, mas ao meu fiel Salvador Jesus
Cristo”. O consolo do cristão é que
ele pertence a Jesus Cristo e essa verdade traz consolo para o povo de Deus.
Veja a mensagem de Isaías 40.1-2
diz: “Consolai, consolai o meu povo, diz
o vosso Deus. Falai ao coração de Jerusalém, bradai-lhe que já é findo o tempo
da sua milícia, que a sua iniquidade está perdoada e que já recebeu em dobro
das mãos do SENHOR por todos os seus pecados”. Esta profecia fala sobre o futuro e ela foi cumprida
em Jesus Cristo. Sabemos disso, porque logo depois dessas palavras Isaías
disse: “Voz do que clama no deserto:
Preparai o caminho do Senhor; endireitai no ermo vereda a nosso Deus. Todo vale
será aterrado, e nivelados, todos os montes e outeiros; o que é tortuoso será
retificado, e os lugares escabrosos, aplanados. A glória do Senhor se
manifestará, e toda a carne a verá, pois a boca do Senhor o disse” (Is. 40.
3-5). Esta parte da profecia se cumpriu quando João Batista apareceu (Mt 3.3).
Ele é a voz no deserto, que exortava o povo de Deus para preparar o caminho do
Senhor nos seus corações (Lc 3.4-6). Ele mesmo foi enviado para preparar o
caminho do Senhor, que estava vindo. O povo de Deus devia se examinar,
reconhecer os seus pecados e se converter. “Eis
o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (João 1.29), disse João
Batista quando viu Jesus Cristo se aproximando. E assim ele apontou aos seus
discípulos o Salvador que traria consolação ao povo de Deus. Veja que mensagem
poderosa e maravilhosa João Batista está pregando a um povo mergulhado em
pecado e sofrimento.
Irmãos, Jesus salva pecadores dos seus pecados. Essa
foi a mensagem que Deus deu a Maria: “...
porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados dele” (Mt
1.21). Irmãos, o que causa sofrimento, dor, tristeza, angústia e morte física e
morte eterna é o pecado. O pecado é o que faz este mundo ser o que é hoje:
CORRUPTO! Um mundo sem esperança e consolo. Um mundo mergulhado em sofrimento.
Porém, a mensagem do evangelho é uma mensagem que
confronta o mundo. Porque pertencer a Cristo consola o cristão por ele saber
que ele foi comprado pelo sangue de Jesus Cristo. Como diz o Catecismo: que
Cristo “ao preço do seu próprio sangue,
pagou totalmente por todos os meus pecados e me libertou completamente do
domínio do diabo”. Então, nos momentos de sofrimento, lembre-se: “você
pertence a Cristo”. Ele é a sua consolação. É esta verdade que traz consolo em
um mundo sem consolo.
3. O Incentivo da Consolação
Irmãos, qual o incentivo desta
consolação em Cristo? Em 2 Coríntios 1.22 diz que Deus nos selou e nos deu o
penhor do Espírito Santo em nosso coração. Deus nos selou com o seu nome em nós
e ainda nos deu o Espírito Santo como garantia de que nós seremos guiados para
longe do sofrimento e consolados por Ele.
Efésios 1.13-14 diz: “em quem também vós, depois que ouvistes a
palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido,
fostes selados com o Espírito da promessa; o qual é o penhor da nossa herança,
até ao resgate da sua propriedade, em louvor da sua glória”. Novamente é
dito que nós – cristão – fomos selados com o Espírito Santo. O Espírito Santo é
dado ao cristão para incentivar-lo na caminhada com Cristo. Sendo consolado
também pelo Espírito Santo.
1 João 3.3 ainda diz: “E a si mesmo se purifica todo o que nele tem
essa esperança, assim como ele é puro”. É Cristo quem purifica o que crer
nEle para ser como Ele é: puro! E o Catecismo repetindo o ensino bíblico diz: “Portanto, pelo seu
Espírito Santo ele também me garante a vida eterna e me torna
disposto a viver para Ele daqui em diante, de todo o coração”.
Portanto, por causa do Espírito
Santo de Cristo, o cristão é levado a viver uma vida alegre e disposta a viver
para Cristo com todo o seu coração. Uma vida dedicada a Jesus Cristo significa
que em tudo o cristão busca glorificar a seu Senhor Jesus Cristo acima de
qualquer coisa. Então, por causa do Espírito Santo que recebemos de Cristo
somos incentivados a continuarmos a nossa jornada de fé em meio ao um mundo
corrupto. Somos incentivados a permanecermos consolados em meio a um mundo sem
consolo.
Este é o evangelho que traz consolo
onde não há e que foi pregado a cada um de nós. Creiamos firmemente em Cristo e
viveremos consolados por aquele que é o consolo para todo cristão: Jesus
Cristo.
Amém.
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